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Foto do escritorCarolina Souza

e 2021?

Atualizado: 30 de jul. de 2021


Chegamos em dezembro. Olhamos para o ano que passou na busca de perceber o que fizemos, o que deixamos de fazer, o que aprendemos. Olhamos para o ano que se aproxima com esperança e expectativa. Mais do nunca é importante problematizar o discurso que desconsidera o contexto e responsabiliza o indivíduo. A falácia de que "só depende de você" é perigosa, até perversa em alguns casos. Esse discurso nos permeia, por vezes se faz presente de forma sutil - nos cobramos internamente, somos cobrados externamente.


É preciso contextualizar 2020: ano atípico, confuso, tumultuado, de muitas incertezas; ano que já está marcado na história, na pele, na alma; tempos de pandemia, que não só escancara nossa condição humana de vulnerabilidade, como também uma sociedade doente e desigual - não estamos, nunca estivemos no mesmo barco, e entrar em contato com essa realidade dói.


É preciso SE contextualizar. Explico, é preciso refletir internamente sobre a sua vida no contexto de pandemia. Aqui, algumas perguntas que podem nortear sua reflexão:

  • Como vivi este tempo?

  • Quais impactos a pandemia me trouxe?

  • O que aprendi sobre mim mesmo, sobre as minhas relações com o outro e com o mundo?

  • O que foi possível dentro do meu contexto?

  • Quais foram as minhas dores?

  • O que ainda está doendo?

  • O que posso fazer no próximo ano com os recursos que tenho?


Refletir sobre 2020 e fazer planos para 2021 passa por reconhecer a pandemia como momento histórico, como momento de travessia. Passa ainda por reconhecer que esse tempo nos atravessou de forma singular e subjetiva. É preciso elaborar as perdas, as dores, o luto de tudo que foi vivido e também da vida não vivida. É preciso abraçar a sua inteireza, todas as suas partes, os papéis que desempenhou, os papéis que desempenhará no ano que se aproxima.


Nada de mágico mudará do dia para noite e talvez retrospectiva tenha a ver com acolher a dor e a alegria; os erros e os acertos; os imprevistos e as boas surpresas da vida. Planejar o novo significa reconhecer todos esses aspectos, ressignificar o que for possível, incorporar como aprendizado e integrar as cicatrizes como parte de quem se é.


Desejo que ao pensar sobre seu 2020-2021, você seja gentil consigo mesmo, com a sua realidade, suas dores, suas dificuldades e faltas. Desejo que você se acolha. E se acolher passa por dar espaço e voz, não silenciar ou minimizar o que dói. Se acolher nesse nível de profundidade pode ser o possível - e acredite, pode ser muito - para uma virada de ano, que no mínimo, será diferente.


Carolina de Souza Santos

CRP 08/19813



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