O cenário da pandemia da Covid-19 provoca uma série de implicações emocionais, sociais e econômicas. A crise impacta toda a sociedade, mas se desdobra de formas diferentes de acordo com a realidade, contexto e cotidiano, nos desafiando a criar estratégias individuais e coletivas.
Do ponto de vista emocional, é importante reconhecer os impactos do isolamento e do distanciamento social, a mudança e adaptação das rotinas em casa e no trabalho, o aumento de sintomas emocionais (ansiedade, medo, tristeza, angústia, frustração, oscilações de humor, entre outros). Mais do que nunca, a vida nos pede paciência, coragem e atenção ao que estamos sentindo.
Diante desse momento tão desafiador, adaptar-se à nova realidade se torna necessário e depende das necessidades específicas. De forma geral, algumas questões práticas podem ajudar na criação de estratégias para o enfrentamento da crise no cotidiano:
Cultive a esperança, fazendo o que é possível na sua realidade, no aspecto individual e coletivo;
Fortaleça ou crie seus próprios rituais de autocuidado e se permita falar sobre como se sente. Caso perceba que a apreensão, a ansiedade, a angústia, ou qualquer outro sentimento, estão gerando muito desconforto, procure atendimento psicológico;
Mantenha uma rotina com as pequenas tarefas do dia, tais como, arrumar a cama ao levantar, organizar a casa, respeitar o horário das refeições e de sono. Organize também os horários específicos de trabalho, descanso e lazer;
Mantenha seu corpo em movimento, mesmo que seja com exercícios leves (alongamento, por exemplo) e procure respirar profundamente 2/3 vezes ao dia, isso ajuda a diminuir o ritmo interno e a focar no momento presente;
Aproveite o tempo de maior convivência para cultivar as relações, fortalecer ou resgatar o convívio familiar. O diálogo verdadeiro, com respeito e amor, tem potencial transformador. Atividades como cozinhar, assistir um filme ou uma série, ou ainda, um jogo em família, podem proporcionar bons momentos de lazer;
Especificamente sobre as crianças, é importante envolvê-las na nova rotina, explicando de forma simples o que está acontecendo e proporcionando um espaço seguro para que elas também possam se expressar, falar sobre como estão se sentindo;
Cuide com o excesso de informação consumida durante o dia, busque informações em fontes confiáveis e procure investir seu tempo livre em você, em algo que te faça bem – explore as atividades manuais, a leitura de um livro, a escrita, o que fizer sentido.
Como toda grande crise da humanidade, esse momento já faz parte do que somos e ficará marcado na história, então é preciso aceitar que a vida é cíclica e que nossa condição humana nos faz vulneráveis.
Que possamos atravessar esse momento com dignidade, nos tornando cada vez mais humanos e nos fazendo presentes, mesmo que virtualmente, nas vidas uns dos outros, com diálogo, acolhimento e empatia. Lembre-se que, relacionar-se com o outro é também relacionar-se consigo mesmo. Se relacionar de forma responsável é dar atenção à sua saúde mental, reconhecendo e acolhendo as próprias emoções.
Por fim, te convido a acolher a crise como um tempo de reflexão, ressignificação e cuidado interno: como você vem se escutando? como vem se conectando e se relacionando com as suas emoções, com a sua vida, com o seu lar, com o seu trabalho, com aqueles que são importantes na sua vida?
Carolina de Souza Santos
CRP 08/19813
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